quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Mantenha-se jovem, aceitando melhorar-se

O elixir da juventude tem sido vastamente perseguido ao longo da
história. Pensou-se que fosse uma bebida ou que se achasse escondido
atrás de antigos ritos de magia; mas por muito que se prolongue a vida
do corpo _ certamente a ciência ainda tem muito a dizer nesse campo _
não se poderá evitar o envelhecimento sem manter em forma algo mais do
que a máquina de carne e osso.
Costuma dizer-se _ e em muitos aspectos com toda a razão _ que a
longevidade traz a experiência. Realmente, ninguém pode negar que as
pessoas mais idosas guardam o património de saberes acumulados que
podem transformar-se numa capacidade acrescida de tomar decisões,
orientar, discernir sobre os melhores caminhos a percorrer... Mas há
também um perigo associado a este contexto: o da inflexibilidade.
À medida que nos vamos tornando senhores de maiores mananciais de
informação, podemos ir construindo a tendência de não aceitar
renová-la ou, ao menos, enriquecê-la. Na mesma proporção em que nos
vamos tornando mais capazes de deduzir resultados de processos que já
conhecemos, podemos começar a perder a paciência com aqueles que _
menos habituados que nós a certas lições da vida _ insistem em seguir
caminhos que há muito tempo pusemos de lado.
Devemos combater, desde jovens, estas armadilhas da madureza.
Madureza essa que, aliás, com o apressar de vivências a que a
velocidade da sociedade actual nos faz viver, chega cada vez mais cedo
e nem sempre se manifesta naquilo que tem de melhor. Não é difícil
encontrarmos jovens de trinta anos em patamares que a maioria dos
membros da geração anterior à de hoje só alcançaram vinte anos mais
tarde, a exibirem níveis de mau orgulho e impermeabilidade à renovação
interior perfeitamente alarmantes.
Temos de nos precaver a fim de não nos tornarmos velhos por dentro.
Essa é, efectivamente, a única forma realmente nociva de envelhecer.
Quando o nosso psiquismo e o nosso sentimento se deixam enredar pela
sensação de que já não têm muito o que aprender e se começam a fechar
demasiado aos constantes desafios que as circunstâncias lhes propõem,
tudo fica mais difícil porque a pessoa se torna cada vez mais
inflexível e pode deixar de progredir; seja como ser humano, seja como
profissional ou em qualquer outro campo.
Há que permanecermos atentos e exigentes em relação à nossa boa forma
mental e emocional. Da mesma maneira que os nossos músculos precisam
de se manterem suficientemente elásticos para garantirem os movimentos
do corpo, também as engrenagens psíquicas e emotivas do nosso ser
reclamam constante lubrificação, fornecida pela vontade e pela
determinação bem conduzidas no sentido de nos mantermos
equilibradamente sensíveis às mudanças que ocorrem ao nosso redor. Se
associarmos a esta disposição uma permanente obstinação em nos
melhorarmos naquilo em que estivermos a falhar, garantiremos a nós
mesmos muito maiores possibilidades de não perder o contacto com a
realidade, mantendo-nos, assim, eternamente jovens.

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