Quem gosta de romances ou de novelas sabe, por antecipação, que a
maioria de tais peças literárias trazem sempre a promessa de um final
feliz. É certo que tal epílogo dourado costuma reservar-se a quem luta
de forma honesta e perseverante para alcançar os seus objectivos;
enquanto as personagens que enveredam por caminhos escuros costumam
acabar na morte, na cadeia ou em algum hospital psiquiátrico. Enfim,
os finais felizes, até nas novelas e nos romances, sabem ser justos.
Se tal acontece devido ao desejo dos que escrevem ser o de que tudo
acabe com equilíbrio, ou por estes pressentirem que os leitores gostam
de ver cumprida a lei da reciprocidade que manda dar a cada um aquilo
que merece; é questão sobre a qual não vale a pena estabelecer grandes
especulações. Digamos _ até para trazer a concórdia aos partidários de
ambas as opções _ que elas têm peso aproximadamente igual na decisão
que tomam a maioria dos argumentistas em cumprir um dos mandados de
Jesus que afirma que se deve dar a cada um conforme as suas próprias
obras!
Tomando por certo que a vontade maioritária dos que escrevem e dos
que lêem seja, então, a de ver aplicadas as leis da justiça, não é de
admirar que esta tendência seja causada pelas próprias tendências
naturais dos factos _ tão bem resumidos, em frequentes ocasiões, na
sabedoria popular _ que não se cansa de repetir provérbios como os
célebres: "Quem trabalha no verão, não morre de fome no Inverno; Quem
semeia vento, colhe tempestade; Deus ajuda quem cedo madruga; Cá se
faz, cá se paga", enfim, para recompensar o bem com o bem, ou para
punir o mal com o mal, não faltam, no entender _ muitas vezes sábio _
do povo, a força das coisas a actuar sobre a vida de todos nós.
Não podemos aceitar, porém, que as energias universais se conservem
em absoluto grau de neutralidade, limitando-se apenas a reagir às
acções _ tantas vezes carregadas de brutalidade _ dos seres humanos,
sem procurarem conduzir-lhes os paços em direcção ao sublimar das
tendências menos construtivas. Repugna-nos francamente a ideia de que
os mais dotados se comprazam na administração de castigos ou de
recompensas aos menos apercebidos sem procurar direccionar-lhes os
caminhos a mais luminosos horizontes do que aqueles a que, por si
mesmos, conseguiriam eles, na sua simplicidade, ter acesso.
Acreditamos, pois, que as leis universais que Deus faz imperar sobre
toda a existência, para além de reagirem sobre os pensamentos,
palavras e acções de todos os seres; colocam sempre, por mil modos, à
sua disposição, as melhores circunstâncias para que cada pessoa ou
cada povo, tenha a oportunidade de mostrar o melhor que há em si.
Mesmo uma doença, um desgosto, qualquer situação sem saída aparente,
têm como objectivo provocar em nós uma resposta através da qual brilhe
a nossa inteligência e a nossa fé.
Perante isto, perdem a razão a revolta contra Deus, a ideia de que
vivemos num caos ou a impressão de que nada se pode tentar para a
construção de um futuro mais auspicioso. A natureza das coisas, e a
nossa própria natureza, é a de evoluir para o bem. A flor nasce da
pequena planta que foi antes uma semente; a águia já foi um pequeno e
frágil passarinho saído dum ovo minúsculo; o homem passou anos de
completa dependência a seguir ao parto e, antes disso, foi
microscópica centelha de vida no ventre da mãe; até as estrelas que
iluminam a abóbada celeste já dormitaram em informes nuvens de jaz nas
recônditas lonjuras intergalácticas antes de entoarem os cânticos ao
criador de que a sua magnificência dá testemunhos de cor e luz. ..
Sim! O Universo prepara-nos o caminho! Devemos segui-lo com a decisão
inabalável de nos cumprirmos.
terça-feira, 4 de setembro de 2012
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