quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Precisamos de um ideal!

Entre os dias que passam devagar, parecendo não oferecer ao nosso
tempo mais do que a rotina; temos, muitas vezes, a tentação de nos
recostarmos, tranquilos, no espaldar das horas que, impassíveis, se
escoam perante a aparente indiferença do destino.
Porém, erramos! Erramos ao pensar que ninguém conta o tempo que
passa; que ninguém indaga sobre a forma como usufruímos dos minutos;
que ninguém se importa com o modo pelo qual nos dignamos preencher os
breves momentos que Deus, magnânimo e paciente, nos concedeu que
vivêssemos neste mundo.
É realmente muito fácil desculpármo-nos. Poderemos afirmar que nos
encontramos de mãos amarradas pelas circunstâncias da vida; que nada
nos é possível fazer enquanto determinados cenários não se alterarem;
que a nossa família, o nosso trabalho ou a falta dele, a nossa saúde
ou a nossa posição financeira não nos autorizam a alterar a forma como
nos conduzimos na vida.
Não rara é a situação em que repetimos a nós mesmos, de maneira
incessante, o estribilho que nos vai adormecendo... "Há que esperar...
Há que esperar..." E lá vamos nós esperando... Vamos esperando ganhar
um pouco mais de dinheiro, ter a vida um pouco mais equilibrada, ver
os filhos um pouco mais crescidos, sentir a conjuntura um pouco mais
favorável... enfim, vamos deixando que os anos transcorram para
atingirmos aquela maturidade que nos permita, afinal, ter uma velhice
feliz... o merecido descanso...
E realmente temos razão de querer esse merecido descanso porque
depois de uma vida inteira à espera de tanta coisa, naturalmente,
chegamos a certo ponto da existência completamente cansados... de
esperar... Cansados de preparar um futuro que, frequentemente, não se
concretiza. Preocupamo-nos tanto em construir o amanhã que deixamos de
viver o hoje, na expectativa do dia seguinte!
É, todavia, necessário viver! Não nos é lícito permanecer esperando
que tudo melhore, sem fazer grande coisa para que tal aconteça. Não é
justo aguardarmos que a vida resolva por si própria, aquilo que nos
não decidimos a resolver. Não é coerente queixarmo-nos constantemente
da falta de oportunidades, enquanto nos resignamos a deixar passar
todos os ensejos de progressão.
Sim. Há momentos em que é realmente preciso esperar, fazer uma pausa,
tomar fôlego, planear estratégias... Mas, mesmo tais momentos, não são
para nos dedicarmos à inactividade ou ao simples cumprimento dos
deveres a que a inércia nos convoca. Essas ocasiões de avaliação, de
balanço, de contagem de armas, são propícias à tomada das mais
importantes decisões que nos permitem delinear o percurso que melhor
se aproprie a atingir um determinado objectivo.
Todos nós precisamos de uma meta. São os ideais, as utopias, os
sonhos, que nos impedem de entrar em depressão. São eles que nos
protegem da inactividade. São eles que trazem à nossa alma o impulso
vital que a leva a transpor os desertos da estagnação,
transformando-os em terreno fértil para as mais felizes realizações. É
impreterível que tenhamos algo a que nos dediquemos de coração: algo
acima do que se espera de nós; algo para além das nossas conveniências
quotidianas.
Procuremos, pois _ antes de mais _ apaixonarmo-nos por uma ideia. Mas
que seja elevada! Altruística! Grandiosa! E, de preferência, não
completamente realizável... Precisamos de sonhar para continuar a
viver... e realizar completamente um sonho, é o modo mais vil de o
matar!

Sem comentários:

Enviar um comentário